Teutônia PRO 2022 | 17-20 Novembro

Projeto Ensina Skate e Cidadania no Calux





Percebi que os meninos estavam à toa. Não se pode largar o skate na mão de uma criança e virar as costas." A indignação de Marcelo Carlos Soares de Azevedo, o Marcelo Índio, 46 anos, foi o ponto de partida para a criação da ONG Skate Solidário, que luta para manter aS crianças e jovens em atividade fora do horário escolar.


Criada em 2006, a instituição tem sua sede no bairro Planalto, em São Bernardo. A ONG também realiza trabalhos em São Caetano e na favela de Paraisópolis, na Capital. "Existem muitos meninos que sonham em ser o melhor skatista do mundo, assim como eu sonhei um dia. Porém, sabendo que nem um décimo desses garotos vai conseguir isso, preciso mostrar outras alternativas de profissão ligadas ao skate," afirmou Índio.
Atualmente, 30 meninos estão inscritos na Skate Solidário. A entidade conta com quatro funcionários voluntários, que recebem alimentação e vale-transporte. Às terças e quintas-feiras, dois jovens ficam na pista de skate do Jardim Calux, para monitorar os meninos dos bairros mais próximos que praticam o esporte no local.
Recentemente, a ONG foi habilitada para funcionar como Ponto de Cultura, iniciativa criada pelo governo federal que disponibilizará aulas de inglês e espanhol para a criançada. Hoje, além do skate, a instituição conta com aulas de informática e noções básicas de fotografia e filmagem, além do auxilio de pedagogos, professores de Educação Física, enfermeiros e fisioterapeutas.
Paisagista e decorador, Índio afirmou que arca com 90% dos custos da entidade. O restante é angariado com eventos e venda de produtos relacionados à modalidade.
A equipe do Diário visitou a pista do Jardim Calux com Índio. A todo tempo, o presidente da Skate Solidário entregava cartões para os garotos e pedia para que eles se cadastrassem no projeto para poder participar das aulas fora das pistas. Na despedida, o recado era claro. "Nada de matar aula, hein?. Não quero saber de ninguém faltando na escola."
Há três anos, Índio atua na reestruturação da praça no Jardim Calux. "Vamos fazer uma pista melhor, além de fazer área para caminhada", explicou o presidente.
A motorista Tânia Aparecida Leite Conceição, 35, acompanhava os dois filhos na pista, no dia da visita do Diário. "Nunca deixo eles virem sozinhos. Além de poderem se envolver com pessoas erradas, tenho medo de que eles sofram algum acidente", explicou Tânia. Índio também ressaltou a importância da presença da família. "Sozinhas, essas crianças vão experimentar coisas, o que é normal. Se os pais estão por perto, alguém irá guiá-las para o caminho correto", declarou.


Garoto de 11 anos sonha com futuro profissional no esporte

Skatista há oito anos, Eduardo Tosiro Marcos, 23 anos, é um dos monitores da Skate Solidário na pista do Jardim Calux. "É muito legal poder orientar e ajudar a criançada. Quero trabalhar com isso no futuro."
Morador do bairro Planalto, Marcos afirmou que o trabalho da ONG contribuiu para a melhoria da praça. "Antes as pessoas usavam o espaço para fazer coisas erradas, e não podíamos falar nada. Agora todo mundo do bairro pode frequentar."
Nathan Lopes Lorente de Souza, 11, não pensa em outra coisa a não ser seguir os passos de Bob Burnquist e Mineirinho, atletas renomados do esporte "Quero viver do skate."
O garoto usa a pista do Planalto duas vezes por semana, no período da manhã. À tarde, cursa a 5ª série do Ensino Fundamental. A dedicação integral ao esporte só acontece nos fins de semana. "Vou até a pista do Paço também, que é muito melhor para andar", finalizou.


Fonte: Diário do Grande ABC

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