Teutônia PRO 2022 | 17-20 Novembro

ABC reúne opções radicais

ANA CAROLINA BARELLA
ELIRIA BUSO
Do Rudge Ramos Jornal*

Bairros de São Bernardo, Diadema, Santo André e São Caetano formam um roteiro radical com opções que vão do clássico skate até as modalidades com jipes e motos. São parques, circuitos, trilhas e obstáculos de rua que permitem a prática de esportes radicais sem sair do ABC.

Um esporte não tão popular, mas presente no ABC é o rapel. Essa prática consiste em escalar pedras, pontes e cachoeiras. A modalidade costuma ser procurada por pessoas que gostam de sentir muita adrenalina e ao mesmo tempo estar em contato com a natureza.

“Quem faz rapel aprende a amar e respeitar o meio ambiente. É um esporte que não só exige esforço físico, mas sintonia com a natureza”, disse o proprietário da empresa de turismo Ciclo Tur, Gersino Silva.

O rapel, geralmente, é praticado na Pedra do Índio, em Paranapiacaba, na Pedra do Elefante, em Ribeirão Pires, ou na Pedreira, em Rio Grande da Serra. Crianças a partir de 10 anos já podem participar, mas, é claro, com a proteção necessária: cordas, cadeirinha e freios. E para os iniciantes é preciso algumas aulas práticas para se aprender o básico.

Outro esporte radical com espaço na região é o motocross. Normalmente chamado de MX, é praticado com motocicletas off-road (específicas para trilhas). Os circuitos, que normalmente são feitos em terrenos molhados, exigem grande esforço físico: braços, ombros e glúteos são muito trabalhados. O esporte é dividido em três categorias diferentes: arenacross, trial e enduro. O mais praticado é o enduro, que é uma prova de velocidade. O trial é uma modalidade de baixa velocidade, na qual o piloto deve atravessar os obstáculos em terrenos muito acidentados, sem cair ou apoiar o pé no chão. Já o arenacross é voltado para uma plateia de arena (no formato de uma circunferência).

Para se praticar motocross é necessário a utilização de equipamentos de proteção, que inclui capacete, coletes, luvas, botas, joelheiras, protetor de coluna, calça especial, proteção para o nariz e óculos.

A maioria das trilhas de motocross no ABC fica em Paranapiacaba e em Ribeirão Pires. Para entrar para o esporte é preciso ter uma moto off-road e, de preferência, fazer parte de um grupo de motocross. O Mamuth Trail Club, de Santo André, promove encontros semanais para trocar informações sobre o esporte. As provas são, geralmente, realizadas em pistas fechadas, e têm obstáculos naturais do terreno como as costelas (sequencia de lombadas e pequenos morros) e curvas.

Rolimã radical - O carrinho de rolimã fez parte da infância de muita gente. Principalmente quando se popularizou na Grande São Paulo, nas décadas de 70 e 80. Um grupo de jovens de Diadema, no entanto, adaptou o carrinho para a realidade adulta e trouxe um novo esporte radical para a região: o rollingskate. Nas descidas, o carrinho de madeira com rodinhas adaptadas chega a 110 km/h. O piloto desce colado ao asfalto, de bruços.

A Equipe Escova, formada por 12 praticantes do rollingskate, é uma das pioneira na região. Segundo o integrante do grupo Winer Augusto da Fonseca, o esporte chegou a Diadema e Santo André nos anos 70, vindo de cidades do interior como Campinas e Valinhos, mas o grupo só foi formado em 1991. Desde o início, eles descem em ladeiras como as do Parque dos Pássaros, em São Bernardo. Como o amigo Almir Borba lembra " Desde o início, a equipe sempre foi superior às outras em número de integrantes, além da organização e até mesmo desempenho". Até hoje temos nosso uniforme próprio que identificam o grupo.

Em outros países, existem modalidades semelhantes como o skullboard, na França, e o skeleton, na Espanha.

Fonseca conta que, em geral, os moradores da região costumam apoiar e se envolver com o esporte. “Nos bairros de Diadema, havia muita procura da molecada querendo fazer parte da equipe. Mesmo assim, nós restringíamos a seleção para aumentar a competitividade e estimular a criação de novos grupos”, disse.

A modalidade é indicada para maiores de 16 anos. É obrigatório o uso dos equipamentos de segurança: capacete fechado de moto, cotoveleira, joelheira e uma roupa resistente – alguns praticantes usam macacões de couro.

Jeffer Aurélio da Fonseca e Danilo Brandão da Equipe Escova, de Diadema, chegam a atingir 110km/h com rollingskate, um carrinho de rolimã adaptado com rodas de skate



Segurança - Para praticar esses esportes, a segurança é essencial. O uso dos equipamentos é obrigatório na maioria dos locais da região.

Além disso, a professora de Educação Física Angela Morado de Albuquerque destaca a importancia da monitoria. “É importante que o praticante respeite seu limite e se mantenha atento as intruções de um profissional”, afirmou.

Sobre a popularidade dos esportes de aventura no ABC, Angela acredita ser natural do ser humano. “As pessoas vivem buscando adrenalina, emoção e superação de limites”, afirmou.

Roteiro de aventura é diversificado
BMX - O BMX, também conhecido como bicicross, é geralmente praticado em pistas de terra. Mas em São Bernardo, no Parque Cittá de Marostica, as manobras são feitas na pista de skate, na modalidade park. Os praticantes conduzem suas bicicletas nas rampas e piscinas (côncavo de concreto) do parque, realizando saltos, e ultrapassando corrimãos, escadas, paredes e muros.


O esporte é praticado no Brasil desde os anos 80, reunindo amadores e profissionais. A pista de São Bernardo é reconhecida internacionalmente por sua extensão – 5,4 mil m². Segundo Aulo Junior, 27, que se aventura no BMX há dez anos, a prática não é individual. “Mesmo estando só você e a bike, a presença de um grupo de amigos é importante para dividir os desafios do esporte. A bike dá a liberdade para fazer o que quiser”, afirmou.

Para praticar a modalidade no local, é obrigatório o uso dos equipamentos de proteção: capacete, joelheira e cotoveleira. O kit do esporte (com bicicleta especial e equipamentos de segurança) custa cerca de R$ 3.000.

Jeep - Para quem gosta de jipes, trilhas e expedições, fazer parte de um grupo de jipeiros é uma ótima pedida. Para isso é preciso ter o próprio jipe — não é possível alugar um para fazer apenas um passeio, por exemplo. Os membros do Jeepeiros de Diadema fazem trilhas, provas de velocidade e rallys, além de se reunirem semanalmente para trocar experiências.

As trilhas são feitas, na maioria das vezes, no alto da serra, na região de Mauá e Ribeirão Pires, e são necessários no mínimo três jipes. Em cada um, é obrigatório a presença de um “co-piloto”, conhecido no meio como Zequinha.

Há quem diga que os jipeiros devastam a mata ao realizar as trilhas, mas o diretor do Clube Jeepeiros de Diadema, Carlos Sampaio, tem uma opinião diferente. “Um dos objetivos das trilhas é curtir a natureza. Temos até um projeto, o Limpa Trilha, em que nós ajudamos na coleta de lixo”, disse.

Skate - O skate foi criado na década de 70 por surfistas da Califórnia que queriam praticar o esporte mesmo em épocas de seca. Estima-se que hoje, no Brasil, haja três mil praticantes. A modalide é dividida em: vertical ou clássico, praticado em uma rampa conhecida como ralf-pipe; e o street, realizado em pista com o formato de uma piscina.

No ABC, entre os lugares mais comuns para se andar estão: a pista Ana Brandão e a Av. Atlântica, em Santo André; o Skate Park de São Caetano; e o Parque Radical Cittá di Maróstica (Parque da Juventude), o mais conhecido entre os praticantes, que recebe cerca de 500 skatistas diariamente. Lá, grande parte dos frequentadores é criança. Existe uma rampa mirim e horários especiais nas rampas que elas dividem com os outros esportistas.

O veterano Marco Aurélio Fonseca, 42, conhecido no meio como Jeef, é profissional há 20 anos. Ele relata que para conseguir se profissionalizar no esporte é preciso treinar todos os dias, e se dedicar muito para obter um patrocínio. “O skate é um esporte, que machuca, então você deve se manter totalmente focado e conectado”, disse.



Fonte: Rudge Ramos Online

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