Teutônia PRO 2022 | 17-20 Novembro

Skatistas detonam pistas de Santo André


"Se dependesse da Prefeitura de Santo André, jamais teria me tornado skatista profissional". A constatação é de Karen Jonz, bicampeã mundial e uma das melhores atletas do planeta. Nascida na cidade há 25 anos, ela mora no mesmo local e lamenta a falta de apoio da administração municipal ao esporte.




"Recentemente, peguei meu carro e rodei pelas 15 pistas que existem em Santo André. É de chorar a situação. Todas esburacadas. Não tem uma em condições para andar. Simplesmente um lixo. Fico revoltada com essa situação. A Prefeitura não está nem aí. Largou tudo", esbraveja Karen, campeã do X-Games 2008, em Los Angeles (Estados Unidos) e única a disputar importantes competições ao lado de homens.

Seu início aconteceu em pista particular, no Centro da cidade. "Graças a Deus que meus pais tinham condições financeiras de bancar os treinos. Se fosse depender das pistas da cidade, estava perdida e, provavelmente, não seria skatista. Até por isso decidi morar na Califórnia por cinco anos, para aproveitar a estrutura e me desenvolver. Voltei para Santo André há dois anos porque meus familiares estão aqui e fico revoltada de não ter pista boa para andar na cidade", critica a skatista, que continua usando locais particulares para manter a forma.

Não é de hoje que Santo André abandonou os skatistas. Desde 2009, quando o Prefeito Aidan Ravin (PTB) assumiu o comando do Paço, não se vê movimentação na cidade. O único grande evento que existia, o Dia D, acabou justamente por conta do descaso. O evento foi idealizado por Sandro Dias, o Mineirinho, o principal nome do skate brasileiro e que também nasceu em Santo André, mas precisou mudar para o interior de São Paulo para ser reconhecido (leia mais ao lado).

Na última edição, em 2008, no Parque Central, cerca de 25 mil pessoas estavam presentes. "É uma pena que acabou. Tentamos por diversas vezes conversar com as pessoas que estão administrando Santo André, mas não demonstraram interesse e as conversas acabaram indo para outro lado, que não achamos legal. A impressão é de que a Prefeitura não tem o mínimo interesse em apoiar o skate. Uma pena", lamenta Darcio França, responsável pela produção do Dia D e de outros grandes eventos, com o X-Games do Brasil, em 2010.

Cidade é a sétima no ranking de federados
Apesar de não ter pista em boas condições, Santo André é a sétima cidade do Brasil em número de atletas federados (40 mil), perdendo apenas para São Bernardo (48 mil), sexta, e para cinco capitais: Belo Horizonte (55 mil), Porto Alegre (77 mil), Curitiba (78 mil), Rio de Janeiro (200 mil) e São Paulo (390 mil).

Sem opção, os andreenses são obrigados a buscar pistas em outros municípios ou pagar para conseguir aprimorar a técnica, como aconteceu com a bicampeã mundial Karen Jonz. "É como se fôssemos expulsos da nossa própria cidade. É extremamente frustrante essa situação para quem vive profissionalmente do esporte", lamenta.

Isso explica por que alguns dos principais nomes do skate brasileiro são nascidos em Santo André, mas não são vistos andando na cidade. Casos do pentacampeão mundial Sandro Dias, o Mineirinho, Dán Cesar, campeão brasileiro, e a revelação Italo Penarrubia, que se profissionalizou em 2010 após conquistar a medalha de ouro no vertical amador dos X-Games e ser eleito o melhor skatista de Vertical Amador no Troféu CemporcentoSkate.

Frustrado e sem apoio, Sandro Dias se muda para o Interior
Esportista mais famoso de Santo André, o pentacampeão mundial de skate Sandro Dias, o Mineirinho, hoje mora em Bragança Paulista, no Interior. A mudança a contragosto foi motivada pelas péssimas condições das pistas andreenses e pela indiferença com que o skatista era tratado nos últimos três anos pela Prefeitura.

"Faço questão de dizer nas competições que sou de Santo André. Nasci e morei minha vida inteira no município, tenho orgulho disso, mas pelo jeito a Prefeitura é que não tinha orgulho de me ter na cidade", enfatizou. "Há três anos mudei para Bragança Paulista, onde tive respaldo da administração municipal, construí minha própria pista e estou feliz", completou.

Sandro Dias endossa o coro de Karen Jonz e critica duramente as pistas andreenses. "Há pelo menos três anos está tudo largado, sem condições para treinar ou disputar competições. As poucas pistas que restaram só existem porque os próprios skatistas dão um jeito de adaptar, meio no improviso, para ter lugar para praticar o esporte. Isso é desrespeito com o skate. Fico triste mesmo com essa situação", finaliza

Fonte:
Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC

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